A história recorda sempre a vitória de uma grande
batalha, mas não o sangue derramado. Não as lágrimas, o sofrimento, a solidão,
o vazio. Contudo, eu lembro-me e bem de tudo isso. Eu passei por isso, perdi-te
de uma forma tão cruel que é impossível não me recordar do teu sorriso, dos
teus lábios, da tua vida como homem, como namorado, como um "tudo para
mim".
O único pedido que faço nas minhas orações,
apesar de incredulamente impossível, é poder voltar àquele dia, quando me
tinhas feito uma surpresa repetitiva que sempre adorei - um piquenique. Era
deveras engraçado, mágico. Lembrava-me que a minha vida era um conto de fadas
onde o pobre rapaz levava a princesinha a conhecer o seu mundo, a vida para
além do castelo encantado, as lindas flores dignas de serem um elemento
fundamental na poesia dos melhores poetas já transformados em lendas pelos
aldeões e até pela gente mais nobre, como eu. Afinal, a história prefere lendas
a homens, sempre preferiu. Adorava poder voltar a esse dia, quando viste colado
num pequeno carvalho o cartaz " I want you for the U.S. Army".
Adorava dizer-te que nunca quis que fosses, que te tornasses um herói, porque
já o eras no meu coração, nunca quis que me abandonasses assim, que me
desamparasses. Tu sim, eras e és o meu verdadeiro castelo, não ele. Oh, o
Henry... É a pessoa que tem procurado e lutado pelo meu sorriso, desde que te separaste
de mim, de nós. Porém, a verdade é que não gosto dele como ele quer, porque
simplesmente não consigo gostar. Simplesmente, quando ele beija os meus lábios,
eu provo a tua boca, e quando ele me puxa para perto dele, eu apenas sinto nojo
de mim mesma. Será isto normal? Sabes porque sim? Porque quando estou com ele,
estou sempre a pensar em ti. E isso eu não posso mudar.
Já não aguento mais. Preciso de sentir o teu
quente corpo cheio de vida. Preciso de beijar esses virgens lábios que sempre
prometeram amar-me para toda a eternidade. Mas foram apenas palavras, e já que
não o conseguiste, cabe-me a mim cumprir definitivamente a promessa.
Lia.
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