sábado, 16 de junho de 2012

The Courage.


Era uma vez um mundo totalmente diferente do vosso. Um mundo onde habitavam criaturas fantásticas, desde ogres, fadas, Deuses, enfim ... seres anormais. Apenas mutações genéticas derivadas do homem. Porém, o homem também coabitava naquele maravilhoso e fantástico lugar, juntamente com todas as outras criaturas, apesar de só servir para escravidão, abusos sexuais de sereias e alimento para vampiros ... Mas também, o que queria ele? Era apenas uma raça inferior, sem qualquer tipo de magia - ouvi dizer um dia. Eu não acho que seja assim, pois a raça humana tem muito mais para oferecer - uma alma, amor, vida. E não era só ela, mas sim também elfos e unicórnios, que espalhavam a bondade e os sentimentos por aquele mundo de desilusões.
Um dia, nasceu uma rapariga chamada Claire que iria mudar tudo, ou talvez não. Pelo menos o meu mundo. Uma elfo corajosa, que adorava sonhar e pensar no amanhã. Adorava respirar o ar puro da montanha, mergulhar nos rios imensos e profundos das sereias, e atrever-se a ir à fábrica de humanos para consumo, no reino dos vampiros, para libertar os mais pequeninos. E era assim a sua vida, pacata e serena, boémia e aventureira, feliz e sonhadora. 
Até que, num pequenino dia de inverno, houve uma tempestade que abalou todo o reino dos elfos, juntamente com um terramoto inesperado. E o palácio onde reinavam os Reis, pais de Claire, foi completamente destruído, e levou consigo o rasto de morte dos Reis e do reino. Claire ficou destroçada. Abandonada. Só. Embora todo o seu sofrimento tenha levado a rapariga ao desespero, ela teve um sonho. Real? Adequado? Não sei, só sei que os seus pais lhe disseram para destruir o maior tesouro do reino, a pedra de gelo - um pedaço de gelo com radioactividade suficiente para matar todo o planeta, há muito guardado pelos mais bondosos seres de todo o universo. Rapidamente, Claire encontrou a pedra. Porém -  sorte ou azar - quando ela dormia perto do tesouro, sentiu um ardor estranho nas entranhas, nas veias que  lhe cobriam o coração. E o ardor aumentou, e doía cada vez mais. Até que as costelas se romperam e cresceram asas, derivadas da pedra que entrou dentro dela. Asas, não como as das fadas, mas sim como as dos anjos, só que em gelo. Petrificadamente estupefacta, a rapariguinha não sabia o que fazer. Seria isto uma ponte para o suicídio? Seria a única saída, perguntava ela vezes e vezes e vezes sem conta, até que a sombria resposta lhe bateu à porta, como um falcão à espera da sua presa. Olhando-a nos olhos. Observando cada passo, cada gesto. Cada opção.
Na manhã seguinte, partiu. Partiu para um lugar longínquo, onde estava uma espada que conseguia matar elfos, já que eram imortais com qualquer outro instrumento. E lá foi caminhando, com mas sem rumo a seguir. O que poderia ser pior que a morte? Já não tinha de se preocupar com os humanos, ou com os lobisomens que atacavam constantemente o seu reino. Iria voltar a ver os seus amigos cogumelos com olhinhos fofinhos no céu, ou não seria assim? Voltaria a ver os seus pais, voltaria para casa, de onde foi criada pelos anjos e pelos arcanjos para o bem de toda a galáxia. E com a sua bondade salvaria tudo e todos.
Até que isto chegou aos ouvidos da raça humana, e começaram a pensar ... Não seria melhor ter aquela pequena pedrinha para deixarem de ser escravos? Assim ameaçariam as sereias, os ogres, as fadas, os vampiros, os lobisomens e toda a santa raça que os detestava? E foi assim que o plano começou. Pediram a um rapaz humano da idade de Claire que conseguisse a confiança dela, o seu amor, para depois lhe conseguir tirar a pedra com um aparelho próprio, construído por anões há muitos e muitos anos.
Por isso, enquanto estava a princesa a rezar até ao santuário, William apareceu na sua vida. E apenas com um sorriso seu, começou a deixá-la completamente maluca por ele. Era um rapaz extraordinário. Manejava muito bem o arco e a flexa, e salvava-a de todos os seres ambiciosos que queriam aquele poder. Contudo, o inesperado aconteceu novamente. William esqueceu-se completamente a sua missão, e começou a amá-la assim como ela o amava. Os seus verdes olhos já não reluziam para as suas asas, mas sim para o seu sorriso.
E chegaram ao destino. 
Entraram, silenciosamente, depois de um longo e doce beijo de despedida para Claire, mas de esperança para William. 
E encontraram a espada. Uma lenda, um mito que iria acabar por se tornar realidade, assombrosamente.
Vendo a espada, as asas de Claire escureceram, sabiam o que se iria passar, e por isso, começaram a sua missão: lançaram um pouco de radioactividade para todos os reinos. Vendo aquilo, Claire tentou pegar na espada, mas não conseguiu. Era pesada, e não saía da pedra onde estava há milénios, ainda quando os humanos dominavam o planeta, o sistema solar, a galáxia inteira com as suas naves de anos-luz. Até que uma luz vinda de William brilhou como nunca brilhara, e as asas foram transportadas para o seu corpo frágil, sensível, simples de humano. A rapariga estava livre. E, num acto de fúria, coragem e amor, o rapazito libertou a espada da pedra e espetou-a desoladamente no seu coração...
O mundo estava salvo.
A princesa chorou inerte e tristemente o amor da sua vida, mas magnificamente o salvador do seu reino, de todos.
Curiosamente, foi um humano.
Eu sei porque estava lá, eu presenciei o meu melhor amigo morrer e sacrificar-se por ela. Porquê? Porque é que ele a escolheu e não a mim que sou da sua raça? Deveria de ter sido concedido a mim o seu último beijo, e não àquela ... criatura?
Eu vi o que nunca quis ver.

Lia.

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