Que quente praia, onde vivi
a maior alegria que já senti.
Tudo era mágico, encantador,
tal como ele e o que vivemos ali.
Era tarde, escurecia,
mas já não no meu coração.
Ele só com o grande sonho batia
de sair de vez daquela prisão.
Queria ser uma gaivota e poder voar,
sentir a brisa, saber que posso confiar
no vento, mas as asas não cresceram
e o vento não me quis ajudar.
Queria ser um golfinho, conhecer a riqueza
do oceano, bem longe, apenas nadar.
Porém, por muito que tivesse pedido,
debaixo de água não consegui respirar.
Queria ser algo mais, e não apenas
uma rapariga na praia a estudar.
Como era Outono, nada mais podia ser
e apenas continuei a trabalhar.
Até que vi um vulto... Uma mulher?
Não! Um bonito homem a pescar.
Adolescente... Como pode ser?
A pobreza chegou até ao mar.
Ajudei-o a desenlear as redes
e descobri que ele sabia cantar.
Tinha uma voz maravilhosa, inglesa,
e um belo e doce sussurrar.
Três vezes ele sussurrava,
três vezes eu sorria.
E quando chegou o momento
disse-lhe que também o sentia.
Depois disso uma gaivota
ou um golfinho não mais quis ser
porque com ele era livre,
ele permitia-me viver.
O fantasma em mim morreu
e todo o passado com ele ardeu
para uma nova época rejuvenescer.
Lia.
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