quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Eu sou como uma rosa


Eu sou como uma rosa, uma rosa que murchou.
Os meus olhos são o centro, onde tudo começou.
Os meus lábios são as pétalas que deixaste secar
porque todos os dias te esqueceste de me regar.

A raiz não se alimenta, porque asas já não tenho.
A chuva já não cai, porque os sonhos não são reais,
mas o vento continua, e não parará até que tu
te lembres de mim, e que me acolhas em teu cais.

O meu coração palpita com este amor ardente
como a rosa que floresce quando nasce o seu sol.
Tal como o sol é a vida e a morte da bela flor,
tu serás eternamente a sombra do meu farol.

Agora, nada tenho, ao contrário da rosa vermelha,
a viçosa e airosa, aquela de quem tu gostas mais.

Terá sido a sina - o destino que me levou até aqui,
ou o facto de uma flor precisar sempre de um clarão?
Só sei que o murchar foi apenas do que eu vi,
vendo essa vermelhinha aproveitar-se da tua paixão.

Lia.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O espelho do céu


Espelho meu, espelho meu,
quem poderei realmente ser eu?

Já fui aquela do "era uma vez",
a pequena que de ti se enamorou,
a poesia que sempre me escreveste
e a princesa que contigo cavalgou.

Já fui vida que florescia no teu olhar
quando o piano eu começava a tocar.
Porém, agora e eternamente, espelho meu,
quem poderei realmente ser eu?

Agora, nada sou - o eterno vazio e a dor
de alguém a quem uma vez chamaste de flor.
Fui uma boémia sonhadora que voltará a sonhar
quando o destino, traiçoeiro, para ti me levar.

Contudo, no passado continuo a viver...
Já fui a guerreira que lutou, assim,
entre a espada e a parede para não te ver morrer.
Agora, o inevitável é caminhar para o fim.

Assim, hás-de ficar sempre ao pé de mim.

Lia.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Soneto - Quem queres que seja?

"Tens o universo na palma das minhas mãos, agora só precisas de escolher o planeta certo para habitares"

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Para ti, quem realmente poderei ser eu?
Serei eu aquela desejada do "era uma vez",
aquela que te poderá dar um novo céu
ou aquela pequena menina de eterna timidez?

Para ti, que relação poderemos ter?
Serás o amigo que sempre quis encontrar
ou a eterna paixão que não conseguirei esquecer?
Diz-me! Para ti, quem poderei eu ser?

Serei eu a coragem que te ajuda a continuar
ou a pessoa que não quererás encontrar?
Farei eu parte do teu triste pôr-do-sol?

Serei eu alguma vez o teu farol?
Serei eu o teu angustiante odor a maresia
ou o teu penetrante perfume de doçaria?

Lia.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Soneto - Amanhã

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Na imensidão do mundo em si
nunca no seu ego consigo entrar.
O que há de errado em mim
que a atenção dele não consigo chamar?

Ele é tão querido e tão bonito
e comigo já uma vez ele falou.
Contudo, os nervos mais alto sussurraram
e de mim rapidamente ele se afastou.

Mesmo assim, amanhã será um novo dia.
Hoje, o dia inacreditavelmente se colapsou
mas amanhã haverá um novo amanhecer.

Amanhã o seu sorriso voltarei a ver
e sem medo com ele voltarei a falar
para cúmplices e amigos podermos ficar.

Lia.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Soneto - O piano e tu



Tudo com um pequeno sonho nasceu.
Uma esperança de expectativas adornada,
embora falsas, e de um amor que floresceu
numa vida com uma história complicada.

Tudo o que eu quero? A certeza não posso ter.
Apenas sei que te tens vindo a tornar
na poesia que não consigo esquecer
quando o piano começa a ecoar.

Agora, já não mais consigo viver
sem constantemente contigo sonhar.
Contudo, sinto que não mais te devo idolatrar.

Mesmo assim, és o piano que toca a poesia
mais bonita que alguma vez tive de tocar.
Oh, se eu pudesse... Sabes o que faria? ...

Lia.

domingo, 2 de setembro de 2012

Um mau texto



Quem sou eu? 
Qual é o meu propósito aqui no planeta, neste preciso país pequenino e a afundar-se cada vez mais na crise? Porque não nasci na Inglaterra ou na Itália? Seria fantástico se soubesse falar italiano como eles.

Perguntas difíceis.
Sinceramente, ás vezes quando estou deitada começo a pensar nisso, sem nenhuma resposta palpável. É deveras frustrante não o saber. Por isso, começo a inventar, na esperança de encontrar a resposta certa de qualquer forma. Talvez seja uma eterna e boémia sonhadora que persiste em viver num conto de fadas. Não sei... gosto de me imaginar com aqueles vestidos compridos e maravilhosos, gosto de criar uma paisagem linda para o mar, já menos revolto do que era, vista da pequenina janela do meu quarto, na torre mais alta. Gosto de viver na ilusão de um dia voltar encontrar um príncipe que me libertaria, que me levaria para o castelo. Que casaria comigo. Gosto de pensar que o "felizes para sempre" existe mesmo... Porém, como já disse, é tudo uma ilusão. Por isso, escrevo. Escrevo e escrevo para a ilusão se tornar cada vez mais real no meu coração.
Por outro lado, talvez seja uma rapariga igual às outras, com o sonho impossível de vingar no mundo da música. Não me julguem, apenas gosto de sonhar. Talvez mesmo mais do que cantar ou tocar piano. Ou talvez não. Ás vezes pego no meu cavaquinho, finjo que é uma guitarra eléctrica e dou um show de rock and roll no meu quarto. É divertido. A minha esquizofrenia está cada vez mais grave.
Pensando melhor, talvez não seja humana. Sou demasiado estranha para o ser... Talvez venha a ganhar asas um dia. Talvez não. Já passei muito na vida mesmo com esta tenra idade. Contudo, conheço pessoas que sabem o que é perder um pai ou uma mãe, ou mesmo até o verdadeiro amor. Comparando-me com essas pessoas, nem sofri assim tanto.

Mesmo assim, depois de tanto pensar, duvido que alguma destas teorias estejam totalmente certas. 
Afinal... Quem sou eu mesmo?
Eu sou a Lia, uma rapariga portuguesa que já presenciou milagres, que esteve um ano inteiro no abismo como o patinho feio e que depois voltou para a terra como um cisne. Uma rapariga que agora está muito melhor em todos os aspectos, e que luta a cada dia por um mundo melhor e mais justo, para todos.

Lia.

Sociedade pagã


Ontem descobri algo muito importante. Descobri que o príncipe encantado não tem de ser um rapaz perfeito, nunca teve. Não tem de ser muito bonito, muito inteligente, muito culto, com os mesmos gostos que eu. Não tem de ser aquele anjo que todas as raparigas anseiam por ter, nem  alguém muito popular só por ter nascido com as feições e os tamanhos exactamente perfeitos e com uma riqueza incalculável. Porque é que o príncipe não pode antes ser um plebeu pobre, feio e sujo? Os príncipes tornam-se tão monótonos... Depois de uns tempos deixamos de gostar deles, o amor desaparece, ou o namoro acaba por causa da inveja e do ciúme. Porém, o amor entre uma princesa e um plebeu é bem diferente... É um amor que engloba aventura, paixão, e até um pouco de perigo. Como não podem estar todos os dias juntos, a paixão entre eles torna-se cada vez mais forte até ao ponto de quererem dar a vida um pelo outro. Se um morre, o outro suicida-se. Contudo, tem de ser principalmente um namoro ás escondidas, porque a sociedade pagã não tolera duas pessoas que se amem por causa do interior de cada um. 

Lia.