domingo, 27 de maio de 2012

O sarcástico destino que me rodeia


Não sabes o quanto eu queria
 no tempo atrás voltar
para saberes o quanto eu te amava.
Naquela época eu só não sabia de quem gostava
porque por mim nunca quiseste lutar,
mesmo tendo a noção do que se passava.
Agora apenas não me digas
que é tarde demais para eu te amar.

Não imaginas o quanto eu dava
para te voltar a abraçar
como naquele dia de Janeiro.
Se eu a ele pudesse voltar
seria tudo bem diferente
e eu prometia que nunca te ia deixar.
Agora, apenas não me digas
que é tarde demais para eu te amar.

Como é cruel o destino!
Devia logo de te ter dito 
que o meu coração estava à muito reservado
para ti, para o infinito
amor que nos estava destinado.
Só não o fiz porque tive medo,
medo de não te aceitarem como és.
Mas à muito que sabia o teu segredo.
À muito que te queria dizer o que sentia,
e quando soube senti que isto podia
dar mesmo certo, era só eu aceitar.
Agora apenas não me digas
que é tarde demais para eu te amar.

Como a vida me atraiçoou!
Se eu ao menos tivesse aceite o que sempre senti,
agora não estaria aqui a chorar
e seria feliz ao pé de ti.
Eu serei feliz quando me amares,
quando o passado voltares a recordar.
Agora apenas não me digas
que é tarde demais para eu te amar.

Desculpa ter-te feito esperar.
Foram três meses a vaguear
sem rumo a seguir,
sem ninguém para me ajudar.
E agora, só penso
que o meu erro podia ter sido bem diferente.
Era igualmente um erro se te aceitasse,
mas teria sido mais do que isso. Seria excelente
se eu pudesse voltar a sentir o que senti
quando tu me deste a tua mão, olhaste para mim
e um "I love you" no teu olhar eu vivi.
Mas neste momento continuas constantemente a voltar
às memórias do meu passado. Ás lágrimas que não me deixam continuar.
Agora apenas não me digas
que é tarde demais para eu te amar.

Lia.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Noite de cinema

Tive nos meus braços a aurora dos meus sonhos.


Quando ainda os amantes trágicos do filme The Hunger Games se encontravam na forma de sombra longe do perigo, já eu vagueava pelos bosques, pela arena perigosa daquele incrédulo jogo - fatal, fenomenal - a sedução. E estava com um anjo. Senti-o, tentei-o. O jogo sujo da morte, a primeira aventura da noite. Na copa das árvores, apresentei-o às belas armadilhas que lá estavam sob a forma de algumas frágeis e delicadas flores. Convenci-o a aniquilar os outros para podermos sobreviver. Assim o coração ficará livre da outra. E pelo caminho, já cheio de frescos e falsos clarões, repeti as palavras de Peate Malacca - "It's alright to kiss me anytime you feel like it". Depois de tudo isto, apenas um ruído ecoou na sala de cinema. Por instantes, conjugaram-se seivas imprevisíveis nas virgens sombras e a escuridão impassível no silêncio astral que depois se deu. O silêncio é um grito arrepiante. O anjo é meu. O amor finalmente venceu. Amor talvez? ou apenas um sentimento fatal que me prende a ele, como um íman. Como a Katniss estava destinada a salvar a sua irmã, eu estava destinada a salvar a minha pátria - as vestes e as entranhas do meu coração. Doçuras! Foi o que fizemos. Doçuras.
Ah, a minha tal infância. O grande mar aberto ao tempo, sobrenaturalmente verdadeira, sóbria. Orgulhosa de não querer que ninguém governasse o seu âmago. Que tolice foi! Mas agora sei que o amanhecer e a criança podem cair novamente na orla do bosque. No meu campo magnético. Com esta nova aurora, que as cidades cintilem cada vez mais ao anoitecer. Que a noite se desvaneça para poder sobreviver. E eu sei que isso é possível, com esse teu romantismo e essa tua ambiguidade que só faz parte da tua poesia, da minha. Da nossa.

Lia.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Sonho de adolescente



Os meus olhos são espelhos de água
viva, que  a sede te sacia.
São de sabedoria, a princesa da mágoa
que nos teus sonhos te faz companhia.

O meu sorriso é para ti o sol que precisas
para não viveres na desilusão.
É a chama para conseguires aquecer,
a gota de luz no teu coração.

A minha face pálida e sem cor,
sem vida, sem luz, sem alegria
é para ti agora a memória de um amor,
o qual roubaram o destino e a tirania.

A minha pele, que tentação!
Será que não deixas de viver na fantasia?
Isso vai alimentar aínda mais a tua paixão
que irá mudar completamente toda a tua ousadia.

Os meus lábios,  ao contrário da face, estão vermelhos,
pois não precisam de morrer para conseguires despertar.
deixá-los-ei vivos eternamente,
porque até tu tens direito a esse sonho de adolescente.

Lia.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Tudo o que o vento levou


Lembro-me dos meus sonhos de criança,
lembro-me da eterna esperança
que tinha, quando com ele falava.
Lembro-me da alegria que ele me dava
quando apenas me observava.

Lembro-me do sorriso que ele irradiava
quando comigo falava. Quando me amava.
Lembro-me, mas não me quero lembrar
do começo de tudo, do seu olhar
tão esperançado que até eu corria de onde estava
para sonhar bem mais alto, onde a mente não me percorria:
o céu, um lugar lindo para sonhar.
Um local onde o piano começava por tocar
e a vida crescia juntamente com uma força positiva.
As flores têm saudades daquele tão próspero tempo.
Eu tenho saudades da outra alternativa.

Muitas coisas não sabe ele, nem precisa de entender.
Não sabe que desde cedo o amava
mas ele não conseguiu compreender
que eu não podia logo afirmar
que sim. Apenas não o queria magoar!
Porém, agora percebo que sou eu que sofro no fim.
Belos olhos de quem vi partir
um dia, rumo ao céu, rumo a mim.
Mas quem sou eu? apenas uma frágil flor
que não tencionou logo mostrar o amor
que sentia por ele, que agora é dor.

Lia.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Fairytale


Estarei à espera do dia em que digas a verdade. Estarei à espera do teu convite para irmos ao cinema, ou a outro lugar romântico, fofo, onde a magia se torna real e onde existem contos de fadas. Estarei à espera que digas verdadeiramente o que sentes, que digas que me amas, que precisas de mim. Estarei à espera que digas que és o meu Romeu. O meu único Romeu. Estarei à espera de um "all I want is you", "do you love me?" ou apenas de um "give me other chance". Em fim, de uma "love story"...
 Porém, também sei que o amor não é mais um conto de fadas, onde tu me salvas ou morres por mim. Tenho a certeza que não pegarás mais naquele anel,  ajoelhar-te-ás em frente de todo o mundo e dirás: "marry me Juliet, you never have to be alone/ I love you and that's all I really know". Sei que agora tenho que me mentalizar que a Julieta morreu e o Romeu desapareceu. Para sempre não sei, mas agora nada mais posso fazer para alcançar o céu. O sonho morreu...
 Mas porquê "my love"? Deverias de seguir o guião, deverias de te envenenar perante o meu corpo frágil, branco, insaciado do triste final que percorria as nossas falas. Deverias de ser tu a dizeres a última palavra de amor e não eu, antes de morreres no meu coração!
Não serão apenas promessas a salvar a nossa paixão. Ou a minha, "maybe".

Lia.

sábado, 12 de maio de 2012

Bernardo Sassetti


Relembro para sempre o seu sorriso.
As suas mãos eram prodígios
que no piano encantavam, sem cessar.
E a sua memória para sempre há-de ficar.

Desde cedo que começou a tocar,
desde cedo que o comecei a adorar.
pois ele era o som que eu ouvia quando tocava.
Por ele, deixei de ser escrava
das longas horas de treino a tocar.
Por ele, o meu único amor floresceu:
E a música comecei a amar.
Por ele, o herói dos meus 9 anos,
perante o piano deixei de chorar,
passei a adorar cada tecla, cada nota
e deixei de aceitar facilmente a derrota:
a minha persistência idiota
de nunca querer encarar
o piano, a minha fonte de inspiração.

Ele pode ter morrido, mas nem tudo foi em vão.
E eu sei que a lei da morte já ele derrotou
ao tornar-se imortal no meu coração.

Lia.

Beautiful


Por vezes, quando procuro algo para sorrir
para a tristeza poder ultrapassar,
lembro-me do toque que me permitiu
sentir que posso voltar a amar.

O seu sorriso... o começo de tudo.
A estrela cintilante sempre pronta a brilhar.
O lábio pode não ser o mais carnudo,
mas mesmo assim ele consegue encantar
as raparigas mais bonitas, como eu.
Ele conseguiu com que eu voltasse a sonhar!

O rosto pode não ser o mais bonito,
mas a sua beleza interior reflecte-se no céu,
e se eu agora sou uma sonhadora,
não quero saber se ele é bonito ou não.
Apenas se ele quer ser meu.

Posso querer escrever sobre vários sentimentos,
mas tudo o que penso é no seu sorriso, novamente.
E quando o corpo encontra as teclas duras do piano,
sinto logo que o som fica diferente.
É o amor, este desejo que me rouba
a vontade de o esquecer para sempre.

Lia.

Inverno


A natureza veste-se de branco
como eu, que também faço parte dela.
O sonhador esconde-se para não morrer
como o meu coração, para conseguir sobreviver.
Observo as árvores desnudadas pela janela
e lembro-me daquilo que me tem feito sofrer.
Como o inverno, aqui estou eu fechada no anoitecer
onde, perante as lágrimas, toda a minha face gela.

O sol já não brilha com tanta força
como tu já não brilhas dentro de mim.
As plantas preferem não crescer
para não terem de morrer assim,
congeladas, e sem mais forças para lutar
pela vida, que se resume em "amar".
É assim que eu me sinto, não compreendes?
Com tudo isto o inverno não chegará ao fim.

E se o inverno continuar e continuar,
o gelo não vai derreter, o degelo não acontecerá.
E sabes porque é que a natureza não vai mudar?
Porque o teu calor nunca chegou a florescer
no meu coração, que tanto necessita de aquecer.

Lia.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Os meus Lusíadas


Nas florestas amenas e chuvosas de Creta,
os deuses discutiam o verdadeiro amor
dos portugueses Romeu e Julieta,
que criaram um novo sentido para a palavra dor.
Convocados por Mercúrio, pelo som da trombeta,
dirigiram-se para a ilha luminosa
onde as estrelas ainda inundavam a manhã impetuosa.

Naquela manhã o mundo parou,
os oceanos recuaram, os animais apartaram
e, mais depressa a natureza aclarou
para observar os deuses que por lá passaram.
Todo o mundo ficou suspenso na escuridão
ao saber que o rei de Portugal perdeu o coração.

O Olimpo, já completo para começar
iniciou então a discussão.
Perguntavam-se se Inês deveria de ressuscitar,
se D. Pedro haveria de envelhecer na desilusão
de não a ter protegido eternamente,
como mandara o seu coração de adolescente.

Depois de vários terem dado a sua opinião,
tomou a palavra Vénus, a deusa do amor:
«Esta história devia de ser de união,
e não de lágrimas, de medo, de dor.
Estes dois têm o direito de juntos ficar
porque ninguém merece morrer por amar.»

«D. Inês era mais bela que a natureza,
mas tão frágil como uma mísera flor
arrancada pela cruel realeza,
maltratada por ciúmes, perdeu toda a sua cor.
Penso que devíamos de a compensar,
dando-lhe a dádiva de voltar a encontrar
o seu tão desejado príncipe encantado.
Nada de mal acontecerá se reformularmos o fado.»

Acabando de falar a deusa celestial,
Marte consentiu no que disse a sua amada,
talvez por amor, ou pela sedução carnal.
Juntavam-se assim os amantes trágicos do "nada"
ou seja, o universo, o reino do antigo Zeus
de onde vieram os deuses dos sete céus.

Lia.