quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Soneto - A rocha




Na planície vazia, longe do mundo
rebola a rocha, sofrendo erosão.
Erodida pelo gelo lá profundo
esquece ela agora a vida e o coração.

No verde o bicho encontra a paz
derrubando ervas, matando flores.
Funesto é o peso que a rocha trás
da àgua das lágrimas e dos amores.

E assim se encontra na existência
do último paraíso perdido da alma
onde a boémia é livre de consciência...

É o selvagem que tem luz
pela vivacidade da deemência
desse seu sonho de não se reduz!

Lia.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Interlúdio




17 Anos fiz hoje. Oh! Os anos da boémia, da esperança transcendente, da espera atormentada por um amor maior. O sonho nas guelras, os futuros insensatos de perdição! As cascatas de saudade que escorrem por entre seu ninho de virgem, as pedras de melancolia do coração que se cravam cada vez mais para fundo, na esperança divida de algum dia alguém o sarar.

Ano de grandes extremos. Parece que amor e morte serão sinónimos, estes irmãos da barafunda. Conseguirei sair eu dos teus braços, mãe, para abraçar o mundo? Poderei ir talvez para um convento, morreria aos olhos da terra… Seria um romeiro perdido à procura de mim mesma. Ou voarei para longe! Por minha vez então ganhar um pouco de liberdade… Mas parece que as asas crescem devagar, se é que algum dia virão a crescer mais do que já estão. Na minha mente esvoaçam aves prateadas, ricas em metal que, mesmo assim, voar pelos prados verdes de meus olhos conseguem elas. São cegonhas buscando família, são pombas buscando paz.

Gaios gemendo por liberdade.

E então e os tubarões, mãe? Ah! Esses não os conheces, não os chegaste tu a conhecer na minha inocente e pueril infância. Esses mais tarde chegaram para comer restos de carne viva da minha alma… Esse drama feito de seda que é pecado… A morte do meu Deus na sua atitude de Zeus insensível e intocável.



Lia.