sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Cancro



Truz-truz. Está alguém
a ver a janela de ninguém.

O branco sol baila no céu...
Volto a Dezembro outra vez.
O bouquêt congela, e meu véu
mais branco fica neste mês.

Eles esperam, sem esperança
a neve e o crivoso casamento.
Eu choro como uma criança
e o vestido morre com o vento.

Truz-truz. Está alguém
a bater na janela de ninguém.

A mágoa e a doença pairam
no ar, na alma, na emoção de cada um.
É dezembro! E a paixão? Algo
 bom?! Muito pouco ou nenhum.

Com meu vestido molhado
subo eu para o altar.
Oh... Tudo está acabado...
Passarei a vida a chorar!

Truz-truz. Está alguém
a abrir a janela de ninguém.

O matrimónio é para a vida
e esta morte é para mim.
Casei-me com a doença...
Apaixonei-me pelo fim.

Truz-truz. A janela abre!
A fruta podre vai entrar.
Em minha casa começa a nevar
E esperarei que Dezembro acabe
pois o inverno há-de acabar.

Lia.