quarta-feira, 20 de junho de 2012

Início de uma Epopeia sobre Inês de Castro



Proposição

As flores murchas e as lágrimas daquela fonte
Que viram morrer a maior heroína portuguesa
Assim o quiseram, que escrevesse perante este horizonte
De amor, alívio ou tristeza.
Relembro agora mesmo de fronte
Aquela flor de eterna beleza,
Que com o seu amor um novo reino edificou:
O reino da justiça que sempre sublimou.

Relembro o sorriso simples e glorioso
Da menina que a inocência carregava.
Relembro o desejo amargo e tenebroso
Que o povo por ela atiçava.
E a vida que ela tinha, era como um mar luminoso
De esperanças que com Pedro partilhava.
Cantarei essa tão rebelde paixão
Que até hoje em todos toca no coração.

E também as memórias daquele rei
Que sempre perserverou no seu amor,
Ao ponto de toda a sua lei
Ter ressuscitado do fundo da sua dor.
A fé e as obras valerosas que por toda a parte espalharei,
Que cantarei se a arte me ajudar no seu interior,
Serão relembradas por outros, com a paixão soberana
Do Romeu português e da Julieta castelhana.

Esqueçam logo as histórias que Béroul contou
Como Tristão e Isolda, uma história irreal.
Esqueçam tudo o que a musa antiga ecoou
Sobre Vénus e Marte e tudo o que seja sobrenatural.
Esqueçam as memórias que Shakespeare galgou
Sobre Macbeth, ou algo não tão magistral
Como os lábios incrédules vermelhos que quero cantar
De uma heroína que transformou Coímbra em água do mar.


Invocação

E vós, minha Deusa primeira
Que o maior dom sempre me concedestes,
Dai-me agora uma chama de uma enorme fogueira
Para escrever aquela grande paixão que protegestes.
E não só de como fora - uma simples lareira
Na minha história de amor que interrompestes.
Dai-me a arte para poder imperecivelmente criar,
Para que a escrita com o feito se possa assemelhar.

Vénus, vós que veneras o mais íntimo do ser,
Vós que sempre amastes Marte, o vosso coração,
Dai-me agora força, ternura e prazer
Para escrever a melhor e mais bonita canção.
Dai-me a vossa magestosidade para viver
Um amor tão rico e sem nenhuma ilusão.
Dai-me a vossa luxuosa experiência
Porque sempre a idolatrei com toda a veemência.

Lia.

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