Nas florestas amenas e chuvosas de Creta,
os deuses discutiam o verdadeiro amor
dos portugueses Romeu e Julieta,
que criaram um novo sentido para a palavra dor.
Convocados por Mercúrio, pelo som da trombeta,
dirigiram-se para a ilha luminosa
dirigiram-se para a ilha luminosa
onde as estrelas ainda inundavam a manhã impetuosa.
Naquela manhã o mundo parou,
os oceanos recuaram, os animais apartaram
e, mais depressa a natureza aclarou
para observar os deuses que por lá passaram.
Todo o mundo ficou suspenso na escuridão
ao saber que o rei de Portugal perdeu o coração.
O Olimpo, já completo para começar
iniciou então a discussão.
Perguntavam-se se Inês deveria de ressuscitar,
se D. Pedro haveria de envelhecer na desilusão
de não a ter protegido eternamente,
como mandara o seu coração de adolescente.
Depois de vários terem dado a sua opinião,
tomou a palavra Vénus, a deusa do amor:
«Esta história devia de ser de união,
e não de lágrimas, de medo, de dor.
Estes dois têm o direito de juntos ficar
porque ninguém merece morrer por amar.»
«D. Inês era mais bela que a natureza,
mas tão frágil como uma mísera flor
arrancada pela cruel realeza,
maltratada por ciúmes, perdeu toda a sua cor.
Penso que devíamos de a compensar,
dando-lhe a dádiva de voltar a encontrar
o seu tão desejado príncipe encantado.
Nada de mal acontecerá se reformularmos o fado.»
Acabando de falar a deusa celestial,
Marte consentiu no que disse a sua amada,
talvez por amor, ou pela sedução carnal.
Juntavam-se assim os amantes trágicos do "nada"
ou seja, o universo, o reino do antigo Zeus
de onde vieram os deuses dos sete céus.
Lia.
Lia.
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