sexta-feira, 18 de maio de 2012

Noite de cinema

Tive nos meus braços a aurora dos meus sonhos.


Quando ainda os amantes trágicos do filme The Hunger Games se encontravam na forma de sombra longe do perigo, já eu vagueava pelos bosques, pela arena perigosa daquele incrédulo jogo - fatal, fenomenal - a sedução. E estava com um anjo. Senti-o, tentei-o. O jogo sujo da morte, a primeira aventura da noite. Na copa das árvores, apresentei-o às belas armadilhas que lá estavam sob a forma de algumas frágeis e delicadas flores. Convenci-o a aniquilar os outros para podermos sobreviver. Assim o coração ficará livre da outra. E pelo caminho, já cheio de frescos e falsos clarões, repeti as palavras de Peate Malacca - "It's alright to kiss me anytime you feel like it". Depois de tudo isto, apenas um ruído ecoou na sala de cinema. Por instantes, conjugaram-se seivas imprevisíveis nas virgens sombras e a escuridão impassível no silêncio astral que depois se deu. O silêncio é um grito arrepiante. O anjo é meu. O amor finalmente venceu. Amor talvez? ou apenas um sentimento fatal que me prende a ele, como um íman. Como a Katniss estava destinada a salvar a sua irmã, eu estava destinada a salvar a minha pátria - as vestes e as entranhas do meu coração. Doçuras! Foi o que fizemos. Doçuras.
Ah, a minha tal infância. O grande mar aberto ao tempo, sobrenaturalmente verdadeira, sóbria. Orgulhosa de não querer que ninguém governasse o seu âmago. Que tolice foi! Mas agora sei que o amanhecer e a criança podem cair novamente na orla do bosque. No meu campo magnético. Com esta nova aurora, que as cidades cintilem cada vez mais ao anoitecer. Que a noite se desvaneça para poder sobreviver. E eu sei que isso é possível, com esse teu romantismo e essa tua ambiguidade que só faz parte da tua poesia, da minha. Da nossa.

Lia.

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