domingo, 12 de agosto de 2012

A outra



A minha esperança está a arder. Consome-se a si própria com cada vez mais velocidade. Tento olhar para outro lado, mas a chama está cada vez mais alta. Procuro-o para o salvar do incêndio, mas ele está ocupado a pensar na segurança da outra. A outra! Aquela que sempre quis o que não devia. Depois, ouço ignorâncias. Espalham-se pelas entranhas do meu corpo e não me deixam mexer para ele saber a verdade acerca de mim. E morro lentamente, vendo-o salvar a outra. Vendo-o com um olhar de amigo preocupado a afastar-se. Apenas um olhar de amigo preocupado. 
E fecho os olhos. Vejo-nos em Viena, a cidade da música, a minha cidade, a nossa. Estamos tão bem juntos, sem a outra. Sempre sem a outra. Até que o sonho se torna num pesadelo. A víbora aparece. Asfixia-me, não consigo respirar. Os meus lábios vermelhos tornam-se cinzentos. O bonito torna-se feio para mim e para ele. Eu confiava nela, e a confiança só se ganha uma vez, mas esse não é o problema. O pior mesmo é o facto de ter tido esperança, e agora é ela que me consome. A esperança é igual à outra - "o que é demais enjoa"...
Porque estará ele cego? Terá ela um poder sobrenatural para o fazer? Talvez esse seja o problema. Eu sou normal, a outra não! 
E depois de tudo isto, ainda me humilham diabolicamente! Anteriormente, tinha o prazer da escrita boémia como consolação. Agora, nada tenho nem nada consigo ter, pois ele roubou toda a minha vivacidade e principalmente o que sobrou do meu coração para dar à outra como presente de casamento...

Lia.

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