domingo, 1 de abril de 2012

An angel


Numa misteriosa noite de lua cheia, lá estava ele, por entre grandes abetos, altos, escuros e enegrecidos pela sombra da noite. O clima frio, juntamente com toda a chuva que inundava a floresta de coníferas, faziam com que o ambiente fosse aínda mais estrelado do que em qualquer outro local no planeta.
Ele esperava por mim, pelo meu tocar, pelo meu sentir, pelo meu coração, por toda a minha paixão por ele. Ele não parecia incomodado pela chuva, muito menos pelo frio. Apenas pensava em algo, em alguém, em nós. E, por entre sombras, medos e trovões, eu cheguei, com um longo vestido de setim, de um azul transparente que também inundava os meus olhos. Naquela noite, sentia-me maior do que qualquer pássaro, pois podia voar para onde quisesse; maior do que qualquer raínha, pois tinha a maior riqueza do mundo diante dos meus olhos; maior do que qualquer criança, pois tinha á minha frente todas as oportunidades de ser feliz. Feliz, ao lado de um Anjo.
E quando já tudo estava preparado para ficarmos juntos, senti uma pequena azia dentro do meu coração. Senti terror, aventura e alegria ao mesmo tempo. Não sabendo o que se passava comigo, hesitei um pouco, mas rapidamente me apercebi que aquele era o final que me estava destinado, desde o início de tudo. Por isso, os meus lábios, de tão cansados que estavam, finalmente colaram-se aos dele, lemtamente, como se o mundo acabasse naquele instante. Fechei os olhos, e começei a rezar para que toda a transformação corresse bem, apesar de saber que o meu Pai nunca me iria deixar ficar mal. Ele, vendo a inquietação que se colocara em mim, afastou-se um pouco, olhou-me nos olhos, como sempre fez quando me dizia algo de importante, e disse para eu confiar nele. E eu confiei, e disse: “nunca deixarei de confiar”. Nesse instante, aproximei-me dele, e beijei-o, com aínda mais força. Não me afectei com a chuva, que escorria pelos meus longos cabelos ruivos, nem me importei com as poças de lama e o cheiro dos pinheiros molhados. Só pensava em ficar com ele para sempre.
A partir desse momento, um clarão nasceu dentro de mim. Finalmente chegara a hora. Pouco a pouco, as asas começaram a crescer, e eu ficava cada vez mais forte, cada vez mais impulsiva. Cada vez mais celestial…
Naquele momento, sim, eu sabia que nada nos poderia separar.
Lia.

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