segunda-feira, 2 de abril de 2012

Amar é dar tudo para se poder viver em paz.

11 De Novembro de 1510


Hoje fui á igreja. Estava escura, como sempre costuma estar, e sempre com o foco de luz principal dirigido para o altar. Para Cristo ensanguentado na cruz. Retirei o meu véu, cuidadosa e lentamente, e coloquei-o sobre os meus ombros gelados pela escuridão do lugar, mas sempre sob o olhar impenetrável do padre. Comecei a rezar, e rezei por tudo o que mais anseio: sentir o amor verdadeiro, sentir que alguém me ama, que alguém é capaz de dar a sua vida por mim, sentir o toque de alguém e a humidade da paixão. Sentir o prazer do coração.
Abanei a cabeça como sinal de respeito para Filipe, sorri gentilmente e ajoelhei-me em frente ao altar. Ele também me cumprimentou, mas sem um único sorriso, um único carinho. Á muito que gosto dele, que o quero para mim. As nossas famílias são amigas desde á muitas gerações, e sempre nos demos muito bem. No entanto, o maior erro da minha vida foi não lhe ter dito que o amava. Agora já é tarde demais. Ele é padre e eu nada mais poderei fazer para o ter.
Depois de tudo isto, ele aproximou-se de mim. Ajoelhou-se também, e murmurou ao meu ouvido, ordenando para eu ir com ele ao seu escritório. Levantei-me cuidadosamente, e acompanhei-o rapidamente.
No escritório, ele começou por olhar para mim com uma estranha ansiedade. Parecia perturbado com algo. Algo estava errado. Perguntei-lhe o que tinha, mas não me respondeu. E, devido á minha audácia, a sua face enrugou-se cada vez mais e mais. Até que tomou a palavra, e confrontou-me com o facto dele "já saber de tudo". Delicadamente, questionei-o sobre do que se tratava. Aí, levantou-se bruscamente, foi ao meu encontro, e beijou-me sem nada mais me pedir em troca.
Lia .

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