17 Anos fiz hoje. Oh! Os anos da
boémia, da esperança transcendente, da espera atormentada por um amor maior. O
sonho nas guelras, os futuros insensatos de perdição! As cascatas de saudade
que escorrem por entre seu ninho de virgem, as pedras de melancolia do coração
que se cravam cada vez mais para fundo, na esperança divida de algum dia alguém
o sarar.
Ano de grandes extremos. Parece que
amor e morte serão sinónimos, estes irmãos da barafunda. Conseguirei sair eu
dos teus braços, mãe, para abraçar o mundo? Poderei ir talvez para um convento,
morreria aos olhos da terra… Seria um romeiro perdido à procura de mim mesma.
Ou voarei para longe! Por minha vez então ganhar um pouco de liberdade… Mas parece
que as asas crescem devagar, se é que algum dia virão a crescer mais do que já
estão. Na minha mente esvoaçam aves prateadas, ricas em metal que, mesmo assim,
voar pelos prados verdes de meus olhos conseguem elas. São cegonhas buscando
família, são pombas buscando paz.
Gaios gemendo por liberdade.
E então e os tubarões, mãe? Ah!
Esses não os conheces, não os chegaste tu a conhecer na minha inocente e pueril
infância. Esses mais tarde chegaram para comer restos de carne viva da minha
alma… Esse drama feito de seda que é pecado… A morte do meu Deus na sua atitude
de Zeus insensível e intocável.
Lia.
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